4.1.11

Barato Total.



Quando a gente está contente
Tanto faz o quente
Tanto faz o frio
Tanto faz
Que eu me esqueça do meu compromisso
Com isso e aquilo que aconteceu dez minutos atrás

Dez minutos atrás de uma ideia já dão
Pra uma teia de aranha crescer
E prender
Sua vida na cadeia de pensamento
Que de um momento pro outro 
Começa a doer

Quando a gente está contente
Gente é gente, gato é gato
Barata pode ser um barato total
Tudo que você disser deve fazer bem
Nada que você comer deve fazer mal

Quando a gente está contente
Nem pensar que está contente
Nem pensar que está contente a gente quer

Nem pensar a gente quer 
A gente quer, a gente quer
A gente quer é viver
                                                                                    Gilberto Gil.




.E.G.

31.12.10

Um fim e outro recomeço.



               31 de dezembro de 2010. 365 dias de mudanças para o mundo. 8760 horas de ações e convivência.  525.600 minutos  a mais em nossas vidas.
                Como venho fazendo certa retrospectiva desde que comecei a escrever aqui, não me prolongarei muito. Lembro-me bem de que uma das frases comuns no réveillon passado foi “Que 2010 seja 10.” E não é que se cumpriu? Este ano foi de muitas realizações tanto pessoais e, até, dando um start no ramo das realizações profissionais.
                A hora da virada está chegando, e  - mais do que pedidos – tenho verdadeiramente muito a agradecer ao Cara Lá de Cima, por me fazer tão feliz e realizado com as pessoas que tenho ao meu lado. Leia-se “ao meu lado” com uma expressão partitiva que, conotativamente, vai muito além da proximidade física. Agora, eu sei que eu posso (e devo), sim, valorizar ainda mais as pessoas que não fazem parte do meu dia-a-dia tão assiduamente como antes, pois elas foram peças-chaves para que eu chegasse até aqui, sejam as boas, sejam as ruins.
                Queria muito citar nomes aqui, mas, para evitar esquecimentos e ofensas, generalizarei tudo. Um “Muito obrigado” aos meus pais, por serem a minha razão de vida, minhas referências, meu orgulho, conquanto tenhamos enfrentado muitos desentendimentos que, até agora, impossibilitaram um maior crescimento de ambas as partes. Mais um “Muito obrigado” ao resto da minha hilária e incrível-enorme família, em especial às minhas avós, por estarem bem mais presente no meu cotidiano que nunca.  Outro “Muito obrigado” aos meus antigos amigos de colégio que seguem na minha vida até hoje, por tudo que construímos e pelos laços que reforçamos neste período. E “Muito obrigado” aos meus novos (e poucos) amigos da Universidade Federal Rural de Pernambuco por me darem a honra da convivência diária, fazendo com que possamos fazer deste e dos próximos anos uma oficina incansável de aprendizado. Muito obrigado aos muito amigos do curso de Espanhol que me proporcionaram, apesar de um obstáculo maior, muitas tardes de risadas e sinceridade. Muito obrigado, também, às novas amizades surgidas através de um gosto musical em comum, de um amor inexplicável pela cantora mais foda do mundo.
                E obrigado aos leitores pelas muitas visitas, apesar do pouco tempo de vida do meu Cabide.
                Obrigado, Deus, pelo saldo totalmente positivo. Muito obrigado, acima de tudo.
                Um ano novo de conquistas para todos nós, e de maior valorização a quem temos ao nosso lado.



"A minha alma incedeia. 
Ser feliz é ser agora.
Não interessa a chegada, 
o importante é caminhar. "
                                                         (Bruno Masi)



.E.G.

O encontro.





            "(...) Jeito. Precisei de jeito para entender tudo quanto aqui está exposto. Lembro-me de que, ao tomar consciência de que o Sonho em mim era um misto de sentimento e emoção, sofri... E muito. Foi quando me senti completamente perdido. E só. Bem mais só. E era grande o medo que eu sentia da solidão. De reconhecer ou identificar meu lado sujo, feio, pessimista. De tocar nele, apalpá-lo. Receio de reconhecer minha covardia, meu egoísmo. Receio ainda de reconhecer que minha força estaria dentro de mim, e que seria preciso passar por maus pedaços, sofrer e arranhar-me todo para poder encontrar a minha outra parte, minha outra metade, enfim, meu ponto de equilíbrio. De início, então, vendei os olhos com medo da solidão. E eu já disse ter tido muito medo de estar só. E a solidão deita e rola quando Você deixa de confiar em si mesmo... Inútil. Tudo se estampou muito escuro e feio. Assustador. O auge do desespero. Mas foi justamente em meio a este ambiente tão tenebroso que despertei para um ponto de luz dentro de mim. Era a minha outra Vida que queria ressurgir mais forte, mais consciente, e que sussurrava: confie em mim. Era o Amigo que tanto busquei fora de mim sem que nunca o tivesse encontrado, e que sorria e me dizia com muita tranquilidade e segurança: o amigo de todas as horas está dentro de você. Tente enxergá-lo... (...)"

                                                 
                                                                       Betânia Ferreira.



.E.G.


30.12.10

Incompatibilidade de gênios.



Dotô, jogava o Flamengo,
Eu queria escutar,
Chegou, mudou a estação,
Começou a cantar

Tem mais, um cisco no olho,
Ela, em vez de assoprar,
Sem dó, falou que por ela
Eu podia cegar

Se eu dou um pulo, um pulinho,
Um instantinho no bar,
Bastou, durante dez noites
Me faz jejuar

Levou as minhas cuecas
Prum bruxo rezar,
Coou meu café na calça
Pra me segurar 

Se eu tô devendo dinheiro
E vem um me cobrar,
Dotô, a peste abre a porta 
E ainda manda sentar

Depois, se eu mudo de emprego,
Que é pra melhorar,
Vê só, convida a mãe dela
Pra ir morar lá

Dotô, se eu peço feijão,
Ela deixa salgar.
Calor, mas veste casaco
Pra me atazanar

E ontem, sonhando comigo, 
Mandou eu jogar 
No burro. E deu na cabeça,
Acertei no milhar


Ai, quero me separar!

                                                                        Aldir Blanc.


.E.G.

29.12.10

Gratidão.

               Até aonde vão os limites da preservação da individualidade sem parecer egocentrismo?
   Eu não sei. Achava que sabia, todavia não sei.
               Não sei, inclusive, se é verdade mesmo, ou se é só mais uma das minhas visões distorcidas deste mundo que me passa crença suficiente, para eu seguir em frente.
               O que acontece é que eu cresci muito em 365 dias, e eu quero que isso continue acontecendo, mesmo que eu enfrente 99 pessoas e escute a  palavra de consolo de apenas uma que está ao meu lado.      
               Em 2010, eu descobri que eu posso ir MUITO (é isso mesmo, em letras garrafais) mais além do que imaginava eu, e do que imaginavam os outros. Está aí, creio eu,  o que tanto deve incomodar esses outros: eu posso errar, me estrepar perder pessoas e me sentir sozinho, mas sempre acreditarei em mim. Sempre.
               Já me decepcionei comigo mesmo  uma porrada de vezes,  contudo não me arrependo de ter falado o que não deveria, de ter machucado muitas pessoas, de ter deixado muita gente esperando por (e de) mim por bastante tempo, de ter assumido mais coisas do que – de fato – eu poderia dar conta.  Não me arrependerei das minhas grosserias, dos meus  deboches, dos meus julgamentos prévios, da minha autossuficiência em tudo, da minha falta de paciência com a vida, e, principalmente, da minha mania chata de bater de frente com os outros, baseada na certeza de que sou e estou sempre certo.
               É isso que me faz aprender, é isso que me faz crescer. Foi todo este conjunto que julgam mal feitos que me fez melhor.
   É, aprendi com isso, mas do meu jeito, da minha forma.
  Ah, e uma das descobertas mais idiotas, em se tratando da obviedade, e fundamentais deste ano: eu mereço todas as pessoas que conseguiram estar ao meu lado. Estas, sim, merecem minha gratidão.
  Gratidão. Está aí um significado que poucos compreendem. 
  Aos ingênuos, o dicionário.




.E.G.



Escritos. (II) - Adriana Calcanhotto.


SINS

Eu nunca faço escolhas
Eu quero sempre tudo
Eu digo sempre sim
Eu não me confundo

Eu vou logo aceitando
Eu peço sempre muito
Eu quero ver o fundo
Eu não vacilo

O tempo todo eu mudo
Eu não duvido
Eu nunca neo restos
Eu não decido
Eu quero

Para estar em movimento
Invento alvos
E finjo que estou perto
Eu só minto pra mim mesma

Atrás de frequências, potências, clarezas
Desenho falsas retas
Falseio novas rotas
Por onde pulsa a minha pressa

Eu não duvido
E sim eu disse sins eu quero sins, eu quero







 .E.G.


 

28.12.10

Escritos. (I) - Lispector.



                    "(...) Então a vingança dos fracos me ocorreu: ah, é assim? pois então não guardarei segredo, e vou contar. Sei que é ignóbil ter entrado na intimidade de alguém, e depois contar os segredos, mas vou contar - não conte, só por carinho não conte, guarde pra você mesma as vergonhas Dele - mas vou contar, sim, vou contar, vou espalhar isso que me aconteceu, dessa vez não ficará por isso mesmo, vou contar o que Ele fez, vou estragar a Sua reputação.
                    ... mas quem sabe, foi porque o mundo também é rato, e eu já tinha pensado que estava pronta pro rato também. Porque eu me imaginava mais forte, porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente.Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo é que eu quero amar o que eu amaria - e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e, então, o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. É porque eu sou muito possessivo e então foi me perguntado com alguma ironia se eu também queria o rato para mim. (...)"


                            Perdoando Deus, Felicidade Clandestina.



.E.G.
  


Where is?




              Nestes últimos dias, ou melhor, desde antes de ontem, voltei a ouvir assiduamente esta música de The Black Eyed Peas.
              Em 2004, em seu Elephunk, a banda mostrou para que veio e que tinham muito mais mensagens a passar: eles iriam bastante além da sensualidade da (deliciosa) Fergie no clássico Shut up e das tão conhecidas presenças de palco de Will.I.am, apl.de.ap e Taboo.
              A música, de fato, foi um marco na história da banda, apesar de não ter uma coreografia sincronizada pelo público, tal qual I Gotta Feeling.
              Vale a pena ser ouvida sempre, em um tempo como este de "Vou não, quero não, posso não, minha mulher não deixa não.".



"People killing, people dying
Children hurt and you hear them crying
would you practice what you preach
or would you turn the other cheek

Father, Father, Father help us
send us some guidance from above
'Cause people got me, got me questioning
Where is the love"


P.S.: o amor do mundo começa em nós mesmos.




.E.G.
 





 


27.12.10

Pode entrar.


            Eis que chega a última semana do ano, mas não foi a última semana de qualquer ano, e - sim - de um ano incrível, de um dos melhores anos até agora (eu bem que poderia dizer que é o término do melhor ano da minha vida, contudo - pelos meus excessivos otimismo e inconformismo - não quero subestimar, nem sobrecarregar o 2011 de responsabilidades para comigo).
           Houve, sim, muitas perdas e não foram simples perdas, foram perdas de anos, quebras de confianças, desentendimentos, conflitos, falta de tempo, mas como eu haveria de crescer se não acontecesse de tudo isso, hein?
           Para mim, é mais fácil falar destes saldos negativos, pois eles são menos importantes e mensuráveis, ao contrário de tudo de bom que me ocorreu. Pessoas, fatos, ocasiões, maus e bons posicionamentos, enfim.  
           Não é, ainda, dia 31 de dezembro de 2010, mas eu preciso começar essa retrospectiva individual, porque eu só tenho a agradecer a todos que compuseram o meu ano e a minha felicidade.
           Hoje, indubitavelmente, eu me sinto mais forte, mais capaz, mais fiel a mim mesmo, mais feliz, mais feliz e mais feliz.
           Então resolvi criar este blog; um desejo antigo afastado, ao longo deste ano, pela falta de tempo.
           Compartilharei aqui minhas ideias, meus escritos, as produções forçadas também e - logicamente -  as produções que integram meu dia a dia.
           Sintam-se à vontade. 
           Uma excelente última semana do ano.


.E.G.