28.12.10

Escritos. (I) - Lispector.



                    "(...) Então a vingança dos fracos me ocorreu: ah, é assim? pois então não guardarei segredo, e vou contar. Sei que é ignóbil ter entrado na intimidade de alguém, e depois contar os segredos, mas vou contar - não conte, só por carinho não conte, guarde pra você mesma as vergonhas Dele - mas vou contar, sim, vou contar, vou espalhar isso que me aconteceu, dessa vez não ficará por isso mesmo, vou contar o que Ele fez, vou estragar a Sua reputação.
                    ... mas quem sabe, foi porque o mundo também é rato, e eu já tinha pensado que estava pronta pro rato também. Porque eu me imaginava mais forte, porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente.Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo é que eu quero amar o que eu amaria - e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e, então, o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. É porque eu sou muito possessivo e então foi me perguntado com alguma ironia se eu também queria o rato para mim. (...)"


                            Perdoando Deus, Felicidade Clandestina.



.E.G.
  


Where is?




              Nestes últimos dias, ou melhor, desde antes de ontem, voltei a ouvir assiduamente esta música de The Black Eyed Peas.
              Em 2004, em seu Elephunk, a banda mostrou para que veio e que tinham muito mais mensagens a passar: eles iriam bastante além da sensualidade da (deliciosa) Fergie no clássico Shut up e das tão conhecidas presenças de palco de Will.I.am, apl.de.ap e Taboo.
              A música, de fato, foi um marco na história da banda, apesar de não ter uma coreografia sincronizada pelo público, tal qual I Gotta Feeling.
              Vale a pena ser ouvida sempre, em um tempo como este de "Vou não, quero não, posso não, minha mulher não deixa não.".



"People killing, people dying
Children hurt and you hear them crying
would you practice what you preach
or would you turn the other cheek

Father, Father, Father help us
send us some guidance from above
'Cause people got me, got me questioning
Where is the love"


P.S.: o amor do mundo começa em nós mesmos.




.E.G.